Segurança e Saúde
Na manufatura e processamento dos PU, o indivíduo deve ser protegido dos efeitos das matérias-primas classificadas como nocivas à saúde (isocianatos, aminas, solventes). As informações seguintes são baseadas na experiência prática e considerações toxicológicas das matérias primas, tais como são encontradas na medicina do trabalho.
Isocianatos - A forma mais comum de exposição ao isocianato é através de inalação. Os aerossóis ou vapores de isocianatos podem irritar as membranas mucosas do sistema respiratório (nariz, garganta e pulmões), causando irritação nasal, dor de garganta, tosse, desconforto no peito, falta de ar, e redução da função pulmonar (obstrução da respiração). Pessoas, com uma hipersensibilidade bronquial não específica, podem responder a concentrações extremamente baixas, com sintomas semelhantes a um ataque de asma. Exposições a altas concentrações podem levar a bronquites, espasmos bronquiais e edemas pulmonares (líquido no pulmão). Estes efeitos são normalmente reversíveis.
Pneumonias químicas ou por hipersensibilidade, com sintomas de gripe (febre e calafrios) também tem sido reportadas. Como resultado de repetidas pequenas exposições ou a uma única grande dose, certos indivíduos podem desenvolver sensibilidade a isocianatos (asma química), que pode causar uma reação, a exposições posteriores, em concentrações muito baixas. Estes sintomas, que podem incluir: aperto no peito; respiração ofegante; tosse; falta de ar; ou ataque asmático; e podem ser imediatos ou demorar diversas horas após a exposição. Exposições crônicas aos isocianatos podem causar dano ao pulmão (incluindo decréscimo da função pulmonar) o qual poderá ser permanente. A sensibilidade poderá igualmente ser temporária ou permanente.
Devido aos efeitos adversos à saúde, o valor limite de tolerância (VLT), para a maioria dos isocianatos é de 5 ppb para exposições superiores a 8 h e de 20 ppb para exposições por curto período de tempo. O TDI é volátil e bastante utilizado, e o olfato humano só consegue distinguir sua presença entre 200 a 500 ppb. O efeito tóxico da inalação dos diversos isocianatos é semelhante, e as diferenças de toxidade dos isocianatos ficam por conta das diferentes pressões de vapor (Capítulo 1). Por exemplo, na temperatura ambiente, o TDI é mais tóxico do que o MDI, devido a sua maior pressão de vapor. Todavia, o MDI quando aquecido, pode atingir a mesma pressão de vapor do TDI na temperatura ambiente, tornando-se então, igualmente tóxico. Em lugares quentes a pressão de vapor do isocianato será maior e conseqüentemente maior a sua concentração no ar. Similarmente, quando os isocianatos, ou produtos contendo isocianatos, são aplicados por spray, altas concentrações de isocianatos no ar podem ser alcançadas. Devido a estes fatos, sempre deve ser empregada uma boa exaustão para manter a concentração abaixo do VLT, e a utilização de equipamentos de proteção individual (EPIs), principalmente as máscaras contra gases, seguindo as orientações do fabricante. Problemas como vazamentos e equipamentos que não foram corretamente limpos contribuem para o aumento da concentração de isocianato no ar e devem ser rapidamente sanados.
Após contato com a pele, os isocianatos provocam descoloração local, e em alguns casos vermelhidão, inchação, erupção, escamação, bolhas, e ocasionalmente sensibilização da pele. Os líquidos, aerossóis, ou vapores podem causar severa irritação ocular, dores, laceração, vermelhidão, inchação e dano à córnea. Contato prolongado com vapor pode causar conjuntivite.
Embora não seja uma forma comum de exposição, a ingestão pode resultar em irritação e ação corrosivas na boca, estômago e aparelho digestivo. Os sintomas podem incluir dor de garganta; dores abdominais; náuseas, vômito e diarréia.
Polióis - Em geral os polióis são muito pouco tóxicos no que diz respeito à exposição oral, e considerados pouco irritantes à pele e aos olhos. Todavia devem ser manuseados com cuidado e de acordo com as recomendações dos fabricantes.
Catalisadores - As aminas terciárias e os compostos organometálicos são utilizados para catalisar as reações dos PU’s. Algumas aminas terciárias são corrosivas à pele e olhos, podendo causar queimaduras. Algumas aminas causam turvação da visão e o efeito chamado "halovisão" no qual os vapores causam uma inchação temporária da córnea. A inalação de aminas terciárias pode causar irritação no sistema respiratório superior e pode acarretar sensibilização. Sensibilização da pele também tem sido mencionada. Muitas aminas têm pondo de ignição entre -6 e 46ºC e são classificadas como líquidos combustíveis ou inflamáveis. Os compostos organometálicos podem penetrar na pele e membranas mucosas, causando inflamação local, ou sensibilização. O contato da pele, e dos olhos com os organometais deve ser evitado.
Agentes de expansão e solventes - Cuidados também devem ser tomados no manuseio dos clorofluorcarbonos (CFC’s), clorofluorcarbonos hidrogenados (HCFC’s), e cloreto metileno (VLT = 1.000 ppm), usados como agentes de expansão. A inalação de altas concentrações de clorofluorcarbonos pode ser perigosa podendo provocar anestesia e inconsciência. Exposições excessivas podem causar arritmias cardíacas, inclusive fibrilação ventricular. Devido ao fato de que os vapores dos CFC’s e HCFC’s são mais pesados que o ar, em áreas confinadas pode ocorrer deslocamento do suprimento de oxigênio, pelo acúmulo de altas concentrações destes produtos. Embora estes materiais sejam considerados não-inflamáveis, eles podem, quando aquecidos, se decompor e gerar fosgênio e fluoreto de carbonila, altamente tóxicos. Por outro lado, quando confinados e sujeitos a temperaturas elevadas, os CFC’s podem representar um risco de explosão. Trabalhos recentes sugerem que os CFC’s, podem levar à redução da camada de ozônio que envolve a Terra, e medidas visando regulamentar o seu uso têm sido tomadas. O cloreto de metileno, como os CFC’s e HCFC’s, é usado como agente de expansão, solvente e é não-inflamável. Porém, quando aquecido à decomposição, pode produzir materiais tóxicos como ácido clorídrico e monóxido de carbono. Após o contato com a pele, pode causar irritação, ressecamento e enfraquecimento da pele. A inalação pode causar depressão no sistema nervoso central, resultando em perda de memória e redução da habilidade motora. A inalação de altas concentrações causa câncer em cobaias. é de extrema importância seguir as recomendações do fabricante para o manuseio seguro do cloreto de metileno.
Extensores de cadeia e agentes de cura - Os extensores de cadeia e os agentes de cura são os dióis ou polióis; diaminas; e aminoalcóois. Os dióis e polióis são pouco tóxicos e podem ser manuseados sem problemas na temperatura ambiente. O contato com a pele e com os olhos deve ser evitado, bem como a inalação dos vapores, especialmente dos dióis aquecidos. As diaminas devem ser manipuladas somente em locais bem ventilados com cuidados para evitar o contato com a pele e olhos e a inalação do vapor. Todas as diaminas usadas em PU podem ser absorvidas através da pele. As diaminas aromáticas devem ser manuseadas com especial cuidado, preferencialmente em capelas, obedecendo-se cuidadosamente as instruções do fabricante. A 4,4`-metilenobis(o-cloroanilina), (MOCA), é uma amina aromática estericamente impedida, muito usada como agente de cura, em sistemas de elastômeros de PU. é extremamente recomendável que este material não seja nunca manipulado fora de sistemas fechados especialmente projetados para este fim. A MOCA é classificada como substância industrial suspeita de potencial efeito carcinógeno no homem.
Poeira - A poeira produzida durante o corte das espumas rígidas de PU pode irritar os olhos e as membranas mucosas do nariz e garganta. Estudos com ratos, em laboratórios, indicam que dificuldades respiratórias podem ser causadas pela exposição a grandes quantidades de poeira de PU, finamente dividida. A exposição à poeira pode ser controlada através de ventilação ou de proteção respiratória. Por outro lado, a poeira de PU finamente dividida, dispersa no ar, pode acarretar explosão. Por esta razão, o acúmulo de poeira deve ser controlado.
Inflamabilidade - Embora os produtos da combustão possam variar, virtualmente todos os materiais e espumas de PU, queimam gerando uma variedade de produtos tóxicos, gases potencialmente letais, e densa fumaça. O tipo e quantidade de produtos de combustão variam com a composição do material, condições de queima, concentração de oxigênio e outros fatores. Como em toda queima de produtos orgânicos o principal tóxico é o monóxido de carbono, porém como em outros polímeros nitrogenados, pode-se formar gás cianídrico e óxidos de nitrogênio.